No mês em que se comemora o Dia Nacional do Surdo (26 de setembro), o Espírito Santo comemora um marco histórico na busca pela inclusão social de pessoas surdas ou com deficiência auditiva. Pela primeira vez, será realizada a formatura de uma turma de professores surdos e de tradutores e intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras) de nível superior no Estado.
A solenidade acontecerá hoje, dia 20, no Teatro da Ufes, para 47 formandos. A partir de agora, eles poderão atender à crescente demanda por cursos de Libras e ensino da Língua no ensino básico, além de poderem suprir a presença de tradutores e intérpretes em eventos federais, estaduais e municípios, como determina a Lei de Acessibilidade.
Os alunos estão sendo formados graças a uma parceria entre a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
EVENTO
HISTÓRICO
O Censo demográfico
contabiliza mais de 6 milhões de pessoas Surdas ou com deficiência auditiva no
Brasil. Boa parte desta população é usuária da Língua Brasileira de Sinais,
mais comumente conhecida como LIBRAS, língua reconhecida pela Lei Federal
10.436 de 24 de abril de 2002 e regulamentada pelo Decreto 5.626 de 22 de
dezembro de 2005 que também regulamenta o art. 18 da Lei 10.098 de 19 de
dezembro de 2000.
Segundo o
referido Decreto especificamente o capítulo III dispõe sobre a formação do
professor e instrutor de LIBRAS e o capítulo V sobre a formação do tradutor e
intérprete de LIBRAS – Língua Portuguesa. Tais capítulos em seus artigos
dizem que a formação de tais profissionais deve ser realizada em nível
superior, em curso de graduação de licenciatura plena em Letras/Libras
e curso superior de graduação em Tradução e
Interpretação em Letras/Libras, com habilitação em Libras - Língua Portuguesa.
A
Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC cria tal Curso Superior de
Letras/Libras – Licenciatura para pessoas Surdas, usuárias da LIBRAS para
atuarem como professores da língua e Curso Superior de Letras/Libras –
Bacharelado para pessoas não Surdas, usuárias da LIBRAS para atuarem como
tradutores e intérpretes da língua.
No
ano de 2008, a UFSC em parceria com outras instituições de ensino cria polos
para tal curso à distancia, no modelo semipresencial, com encontros aos sábados
e domingos a cada 03 semanas aproximadamente. No Espírito Santo, a UFES
torna-se o polo para este curso e 60 pessoas passam no vestibular em LIBRAS, 30
pessoas Surdas e 30 Ouvintes. Após 04 anos, em 2012, 47 formandos
irão colar grau no dia 20 de setembro de 2012, no Teatro da UFES, sendo 22
pessoas Surdas e 25 Ouvintes.
É
um evento histórico haja vista que na Idade Antiga, as pessoas com deficiência
auditiva, Surdos, eram consideradas incapazes para o raciocínio, insensíveis e
um incomodo para a sociedade, por isso eram condenados à morte. Na Idade Média
eram considerados sujeitos estranhos e motivo de curiosidade da sociedade. A
eles era proibido receber a comunhão por serem considerados incapazes de
confessar seus pecados e até proibindo o casamento de duas pessoas surdas. Nos
tempos atuais, há o foco da falta de audição como uma patologia que precisa ser
revertida, às vezes impondo a oralização ou protetização da pessoa Surda.
A
formatura da 1ª Turma de professores Surdos e de tradutores e intérpretes da
Língua Brasileira de Sinais
no Estado do Espírito Santo é um marco histórico, pois o Estado conta agora com
47 profissionais de nível superior para atender a demanda de Cursos de LIBRAS e
o ensino da língua no ensino básico e a presença de Tradutores e Intérpretes em
vários Eventos Federais, Estaduais e Municipais cumprindo assim a Lei de
Acessibilidade, a Lei 10.098/00.
Nenhum comentário:
Postar um comentário