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segunda-feira, 8 de agosto de 2011
Maes recebe exposição “O Louvre e seus visitantes” do fotógrafo Alécio de Andrade
O Museu de Arte do Espírito Santo Dionísio Del Santo (Maes) em parceria com o Instituto Moreira Salles (IMS), abre na quinta-feira (11), às 19h30, a exposição “O Louvre e seus visitantes”, que reúne trabalhos de um grande nome da fotografia brasileira: Alécio de Andrade (Rio de Janeiro 1938 – Paris 2003). A entrada é franca.
A mostra apresentará 85 fotografias doadas ao Instituto Moreira Salles pela família de Alécio de Andrade, brasileiro residente em Paris, feitas enquanto ele percorria as salas do museu do Louvre, em um período de quase 39 anos, a partir de 1964.
Desses passeios, Alécio deixou 12 mil imagens. Cada flagrante lembra uma cena teatral que assistiríamos por cima dos ombros do artista, tendo os visitantes como atores. Uma visão poética, onde o senso de humor se une a um certo carinho peculiar, revela a apropriação dos espaços do museu pelo público e as relações, às vezes insólitas, que se estabelecem entre alguns dos espectadores e as obras de arte.
Evitando seguir cronologias ou apresentar um mero apanhado das transformações sofridas pelo Louvre ao longo desses anos, a exposição imagina várias etapas de uma visita à maneira de um roteiro de cinema.
“O Louvre e seus visitantes” foi apresentada pela primeira vez, no Ano da França no Brasil, em 2009, pelo Instituto Moreira Salles, em São Paulo. Em seguida, o IMS levou a exposição em viagem pelo Brasil, começando pelo Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro. A parada seguinte, ainda no mesmo ano, foi a sede do Instituto Moreira Salles, sediado em Poços de Caldas.
Em seguida, uma exposição reunindo um segundo jogo de tiragens das mesmas fotografias foi inaugurada pelo Museu Frissiras, em Atenas, por ocasião da “Noite Europeia dos Museus”, em 2010. No momento, essa mostra está em cartaz na Casa da América, em Madrid, no âmbito do PhotoEspaña. Assim, a mostra estará simultaneamente aberta em Madrid quando for inaugurada em Vitória.
Sobre Alécio de Andrade
Além de fotógrafo, Alécio de Andrade era também poeta, pianista e amigo de escritores e músicos do mundo todo. Seus primeiros poemas foram premiados na "Primeira Semana de Arte Contemporânea da Universidade Católica do Rio de Janeiro”, que teve como jurados membros como Vinícius de Moraes e Cecília Meireles. Carlos Drummond de Andrade – com quem Alécio mantinha uma relação de amizade – escreveu que “sua criação constitui um poderoso, delicado e inesquecível comentário lírico do mundo”.
O trabalho de Alécio foi fortemente influenciado pelos fotógrafos Henri Cartier-Bresson e Robert Doisneau e entre 1970 e 1976 foi membro associado da Magnum-Photos, uma das mais conceituadas agências de fotojornalismo do mundo.
A “simplicidade” da maioria dos seus retratos produz no espectador a impressão de uma familiaridade que já era suscitada por suas fotografias da infância, onde a espontaneidade efêmera e furtiva dos gestos e dos olhares nos mergulhava no real.
A humanidade insuflada pelo olhar de Alécio nos comove porque ele consegue eliminar a distância, evocar a fragilidade, provocar o riso. Permite que as imagens adquiram uma vida independente de qualquer estratégia.
Acervo permanente do Maes
Estará em cartaz, simultaneamente, na Sala de Exposições Permanentes do Maes, a exposição “O diverso no Acervo”. Trata-se de um recorte que utiliza obras do acervo do Maes, pertencentes ao patrimônio do Estado. Essa mostra apresentará múltiplas possibilidades para o diálogo entre as obras dos artistas Dionísio Del Santo, Maurício Salgueiro, Raphael Samú e Nice Avanza.
A pluralidade do termo “diverso” na mostra é abordada em três diferentes questões. A primeira está na diversidade da produção dos artistas e obras selecionadas. A segunda, na diversidade de técnicas e linguagens utilizadas por estes artistas. A terceira, na diversidade da produção de um mesmo artista.
Sendo o Espírito Santo um Estado que se formou por diversas influências culturais, as duas obras expostas da artista Nice Avanza contemplam nitidamente a efervescência do sincretismo religioso. A artista procurou em Pierre Vergé e sua obra “A Lenda dos Orixás” uma referência para que sua representação fosse fiel às crenças do candomblé.
Partindo do percurso poético da produção de Raphael Samú, as três obras presentes na exposição apontam para o espaço urbano e a formação arquitetônica da sociedade contemporânea, pontuando assim imagens tão presentes em nosso cotidiano. Neste caminho a obra “Ponte Seca” delimita a construção histórica da Ponte Florentino Avidos, ao mesmo tempo em que denuncia um crescimento descontrolado da cidade.
Na trajetória de Dionísio Del Santo perpassam desde o regionalismo presente em seus desenhos que trazem o universo rural da memória de sua infância, até um fino alinhamento com o pensamento contemporâneo no que tange as questões tão caras à arte concreta dos anos 1960. No final de sua produção o artista aborda, em suas pinturas, signos gráficos que sintetizavam a sua pesquisa na redução da representação analógica, buscando na astrologia a possibilidade de sobrevivência desses signos num universo místico.
Nas obras expostas de Maurício Salgueiro, encontraremos a distinção de técnicas e temporalidade com o questionamento sobre o rompimento da ilusão do plano da pintura tanto na obra da série “Hemorragia” como na obra em que uma reprodução fotográfica trava um diálogo na tela, provocando a convivência concomitante entre o objeto representado e fotografia. Dionísio e Salgueiro estão alinhados com o pensamento contemporâneo vigente e dialogam com questões mais profundas do campo.
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